Criadouro localizado na Fazenda Água Limpa da UnB tem o bem estar dos animais como prioridade

pigspigsEquipe formada por Fábio Cordeiro, Luci Murata, Eliton dos Anjos e Raulan Moreira. Foto: Jéssica Marques/DEX.

 

Explorar os recursos naturais sem esgotá-los para as gerações futuras é o ponto principal da sustentabilidade. É nesse princípio que se baseia o trabalho do Laboratório de Produção de Suínos (Labsui), uma unidade demonstrativa de um sistema de criação de suínos ao ar livre localizada na Fazendo Água Limpa (FAL/UnB). O projeto de extensão "Uma alternativa de suinocultura sustentável para agricultura familiar", da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV), é coordenado pela professora Luci Murata.

 

Com uma área total de 4,5 hectares, em que 3,7 deles são utilizados para a criação de porcos, o projeto tem preocupação com o bem-estar dos animais e com a qualidade do alimento produzido. “A gente prioriza a liberdade de expressão do comportamento natural do animal. Um exemplo é a formação de ninhos pelas fêmeas da maternidade. Está relacionando com o instinto materno e com a perpetuação da espécie. No confinamento o animal não consegue fazer isso”, explica a professora. 

 

Foto: Jéssica Marques/DEX.

pigs equipe

Os porcos escolhidos para integrar o projeto são pigmentados, por serem mais resistentes ao sol. Os animais são alimentados com ração comercial e com produtos da Fazenda Água Limpa: bananas, chuchus, milho, entre outros alimentos. “Os alimentos naturais deixam eles mais saudáveis, então nós não usamos antibióticos”.

 

O técnico Eliton dos Anjos está todos os dias na fazenda, e destaca as diferenças entre os seus animais e os criados em confinamento: “A gente já vê a diferença no bem estar do animal. O animal no confinamento fica muito mais estressado, e isso influencia a qualidade da carne. Na hora de manejar o animal também, o criado ao ar livre é muito mais tranquilo”.

 

Uma das metas do projeto é produzir um manual do produtor a partir das experiências do projeto. Mas, por conta do espaço necessário, pode ser difícil para o pequeno produtor. Ainda assim, Luci dá algumas dicas: “O produtor familiar pode fazer em pequena escala e utilizar os nossos princípios: utilização de produtos localmente produzidos, como hortaliças e frutas da estação. Uma maneira de aproveitar o que tem disponível para reduzir o volume de ração”.

 

Estrutura – Dentro do espaço construído, os porcos são contidos por cercas eletrificadas por energia gerada por um painel solar, que impede que eles saiam da propriedade, mas não causam dor.

 

Toda área construída é dividas por barreiras de madeira. Na área dos machos, são oito piquetes de 50 m². São três machos, embora um deles, nascido na fazenda, ainda seja muito jovem para reprodução. O maior deles está desde o início do projeto, se chama “Leozão” e tem 410 kg. 

                                                                                                                                                        

ARTEPORQUINHOSNa área de gestação coletiva, 14 fêmeas para reprodução e seis, ainda jovens para isso, se revezam em 25 piquetes de 1 km². Três ou quatro animais ficam de 20 dias a um mês em cada um, depois vão para outro enquanto o anterior se recupera. Eliton instalou cercas para proteger árvores frutíferas, que também podem gerar sombra natural para os porcos.

 

Nos últimos dias de gestação, as fêmeas vão para a maternidade, que é dividida em 20 piquetes de 200 m². Lá os animais são estimulados a construir os próprios ninhos para fazer o parto. Eliton construiu uma estrutura de madeira e plantou uma muda de chuchu. A idéia é ter um sombreamento natural e também servir de alimento para os animais.

 

Na creche, são 12 piquetes de 40 m². Os leitões se misturam entre as mães, para o processo de desmama ser mais simples. Depois de atingir 30 kg, os leitões são avaliados. Dependendo, podem ser escolhidos para ficar na fazenda ou ir para o abate.

 

O projeto é financiado pelo edital 33/2009 do CNPq.

 

 Arte Luis Henrique/DEX

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