Semana Universitária encerra atividades, dando destaque aos esforços e desafios da UnB para se internacionalizar e ampliar cooperação acadêmica com instituições da região

Álvaro Maglia (AUGM), Volnei Garrafa (UnB), Paulo Speller (ex-OEI) e Olgamir Amancia (DEX) compuseram a mesa do encontro que trouxe reflexões sobre internacionalização na educação superior. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Apesar das diferenças linguísticas, Brasil e demais países da América Latina compartilham características em comum que vão além do processo histórico de formação e traços culturais. Suas estruturas educacionais guardam semelhanças que revelam potenciais de fortalecimento e integração. Ao assumir a internacionalização como estratégia para avançar na excelência acadêmica, a UnB busca também consolidar laços com nações da região. Como o assunto é considerado um desafio para os próximos anos, foi escolhido como tema de encerramento da Semana Universitária 2018.

 

Interessados em refletir sobre os potenciais de interação da UnB com países latino-americanos reuniram-se no auditório do Memorial Darcy Ribeiro – mais conhecido como Beijódromo –, na manhã desta sexta-feira (28), para assistir ao debate Integrar universidades na América Latina: os desafios da internacionalização ao sul. O título do encontro alude aos próximos passos a serem dados pela Universidade para ampliar sua atuação acadêmica em nível global, inclusive no que se refere à extensão universitária.

 

“A unidade latino-americana é algo que a UnB precisa reforçar. Entendemos a importância da construção do conhecimento, fazendo uma ruptura com a fragmentação, em uma perspectiva intercultural e interdisciplinar”, afirmou a decana de Extensão, Olgamir Amancia, durante a atividade. O debate mostrou que estender a influência local a instituições de outros países é tarefa complexa, que vai muito além do intercâmbio de recursos humanos.

 

Convidado do encontro, o secretário executivo da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), Álvaro Maglia, vê como desafio inicial o entendimento do que o processo representa. “Internacionalização não é mover-se para outro lugar. Muito menos é participar da globalização mercantil e capitalista. A internacionalização tem que dar respostas a esses contextos a fim de desestruturá-los”, definiu.

Para Maglia, é preciso avançar na cooperação internacional, não só em âmbito da América Latina, como também de outros continentes. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Ele considera como parâmetros fundamentais para a promoção da estratégia a articulação das funções universitárias, buscando um "processo de cooperação solidária”, a partir de vivências que englobem os diversos países. Segundo Maglia, esse esforço pode ser traduzido em outra perspectiva, no caso da América Latina e Caribe.

 

“Acho muito mais interessante falarmos de regionalização, porque demonstra o fato de que compartilhamos experiências entre nossas universidades para um fim continental, tendo em vista o desenvolvimento e a autonomia da universidade pública”, elucidou. Maglia também destacou a compreensão da educação superior como “bem público social, direito humano universal e dever dos Estados” como fator importante para se pensar a integração das universidades. 

 

Para o ex-secretário geral da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), Paulo Speller, que também foi convidado para a atividade, os esforços para internacionalização devem ter a universidade como protagonista e impulsionadora dos mecanismos que irão consolidar esses vínculos. “Quando a UnB foi criada, o que se pensou não era mais uma universidade federal, e, sim, uma universidade diferenciada, com autonomia para discutir as grandes temáticas internacionais, em articulação com outras regiões”, salientou Speller.

 

Ele enxerga de forma positiva os passos dados pelo Brasil para alcançar a integração regional. No entanto, reforça que ainda há muito a ser feito. “Já há avanços importantes do ponto de vista quantitativo, mas estão aquém do que nós queremos para um processo de mudança na América Latina. Isso se consegue prosseguindo com ações e programas pontuais”, avaliou. 

Lançado após palestra, livro aborda trajetória do ensino superior na América Latina. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

O lançamento do livro De Havana a Córdoba: duas décadas de educação superior na América Latina, organizado por Paulo Speller e pelos professores Murilo Camargo, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da UnB, e Stela Maria Meneghel, da Universidade Regional de Blumenau (Furb-SC), também aconteceu neste último dia de Semana Universitária. A publicação analisa a situação da educação superior na região nos últimos 20 anos e traça um panorama da luta pela educação pública, gratuita e universal. O livro foi distribuído aos presentes.

 

INTEGRAÇÃO – Promover a regionalização, sob a perspectiva da educação superior pública, tem sido uma das metas da AUGM. Formada por 35 universidades de seis países – Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai –, a associação propõe o estabelecimento de um espaço de cooperação acadêmica e de incidência política ampliado, que promova a integração latino-americana, impulsionando o desenvolvimento compartilhado das atividades de ensino, pesquisa e extensão, a partir de temáticas atuais.

 

A Universidade de Brasília foi convidada a compor o grupo, o que abre oportunidades de atuação junto às demais integrantes. Participação em programas de cooperação acadêmica e institucional; mobilidade docente, discente e de gestores; cursos e eventos são algumas das experiências que poderão ser desfrutadas pela comunidade acadêmica.

 

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