Projeto de extensão do departamento de Engenharia Florestal compartilha conhecimentos sobre o bioma com a comunidade do Distrito Federal e Entorno

Projeto com escolas visa despertar o cuidado com a natureza e alertar para a devastação do Cerrado. Divulgação Beija-FAL

Os habitantes do Centro-Oeste sabem pouco sobre o ecossistema tão rico em que vivem. Pensando em mudar essa realidade, surgiu o projeto de extensão de ação contínua (PEAC) batizado de Beija-FAL. Criado em 2001 por iniciativa de estudantes do curso de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), o projeto promove atividades de ecoturismo sustentável e educação ambiental. O público-alvo principal são estudantes do ensino fundamental e médio. A maior parte das atividades é realizada com escolas públicas do DF, apesar de estar disponível também para as escolas particulares. 

Além de alunos de Engenharia Florestal, universitários de outros cursos, como Biologia, Pedagogia, Sociologia e Artes Visuais também atuam no projeto. Em 2003, o Beija-Fal foi institucionalizado no Decanato de Extensão da UnB (DEX), sob a coordenação do professor José Roberto Rodrigues. 

 

Uma das atividades realizadas com escolas acontece na Fazenda Água Limpa (FAL), da UnB, e tem como destaque a Trilha do Buritizal. No trajeto, a vegetação do Cerrado é apresentada aos jovens, que descobrem mais sobre os diversos usos e a importância da flora e da fauna do bioma. O objetivo final é despertar o cuidado com a natureza e alertar para o fato de que o segundo bioma mais rico do Brasil está sofrendo devastação sem igual. 

A trilha do Buritizal costuma encantar os estudantes: aulas práticas para conscientizar a população. Arte: Isabella Monteiro/ Agência Facto

 

O nome do projeto é um jogo de palavras entre beija-flor e a sigla da Fazenda Água Limpa, FAL. O pássaro de bico fino integra a logo, além de uma caliandra (flor típica do Cerrado) e representa o processo de polinização realizado pelo beija-flor. “É o Beija-FAL abraçando a FAL e levando o Cerrado para a comunidade”, explica Neylon Ribeiro, membro mais antigo em atividade no projeto (desde 2016) e estudante de Engenharia Florestal.

 

“Em uma parte da nossa trilha, que tem um formigueiro, as crianças costumam perguntar: ‘Tio, mas como é que funciona isso?’ E a gente sempre responde que as formigas são engenheiras do solo pelo seu nível de estruturação. E aí eles falam: ‘Nossa, mas que legal. Vou ser engenheiro também’”, conta Neylon, sobre as reações das crianças ao longo do trajeto.

 

CIÊNCIA AO VIVO  O ecoturismo promovido pelo Beija-FAL é científico. O foco do projeto é transmitir diversos tipos de informações, como os nomes populares das plantas, o meio cultural da flora, os nomes científicos, as famílias, os benefícios, os malefícios e os diferentes usos. 

 

Além da caminhada na Fazenda Água Limpa, o projeto de extensão promove a educação ambiental por meio de palestras em escolas. Também costumam atuar na Semana Universitária de Biologia (SemaBio) de instituições de ensino superior como a UnB e o Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), bem como na Semana do Meio Ambiente na Chapada dos Veadeiros (GO).

 

O projeto tem a proposta de ser horizontal: todas as decisões são feitas entre os extensionistas, porém há uma hierarquia estabelecida pelos estudantes para facilitar o desenvolvimento das atividades. São três coordenações, compostas por um núcleo de alunos mais ativos: a Coordenação de Atividades, responsável por organizar as trilhas e eventos nas escolas; a de Comunicação, que cuida das postagens no Instagram, e a Acadêmica, responsável por elaborar artigos e criar panfletos informativos. 

 

Coordenador de Atividades, o estudante do sétimo semestre de Engenharia Florestal André Freire enfatiza que a melhor forma de oferecer educação ambiental é colocando o público em contato direto com o bioma estudado, principalmente quando se trata de jovens estudantes. 

Membros do Beija-FAL, os estudantes de Engenharia Florestal Neylon Ribeiro e André Freire: promoção de ecoturismo e educação ambiental. Foto: Mateus Gaudêncio/ Agência Facto 

 

AULAS PRÁTICAS – O projeto já realizou uma trilha toda voltada para o vestibular da UnB com os alunos de ensino médio do CED 05, em Taguatinga Norte. Os extensionistas dividiram-se para explicar os diversos conteúdos aos vestibulandos e, além disso, cada um falou sobre as experiências no respectivo curso, como Engenharia Florestal, Biologia, Medicina Veterinária e Agronomia. Uma pequena feira de profissões também foi feita posteriormente na escola, para explicar sobre os cursos para os alunos que não puderam comparecer à atividade.

 

Outro objetivo do Beija-FAL é tentar nivelar o conhecimento das crianças sobre o Cerrado. Muitas vezes, na mesma escola, há alunos que possuem muito contato e outros que desconhecem o bioma. “Além de passar as informações para as crianças, é muito legal ver que elas também levam o que aprendem para os pais”, diz Neylon. 

 

O Beija-FAL também promove ações em parcerias. Um exemplo foi quando, a convite de uma prefeitura de uma quadra da Asa Sul, o projeto identificou e mapeou a vegetação da entrequadra 112/113, que tem fluxo intenso de pedestres por conta das estações do metrô. Outra ação foi feita em conjunto com o Hotel Meliá no âmbito do programa Adote uma Nascente. O objetivo era recuperar a nascente Aurora por meio do plantio de mudas. O Beija-FAL promoveu o contato direto dos participantes com o meio ambiente e mostrou como é o olho d’água (a nascente).

 

DIVULGAÇÃO – Outro aspecto interessante do projeto é a possibilidade de difundir mais informações sobre o curso de Engenharia Florestal da UnB: “No segundo semestre de 2016, fizemos uma trilha com os escoteiros e uma menina ficou encantada com o curso; ela nem sabia que ele existia. A prática na trilha despertou o interesse dela pelo curso. Passaram-se os anos e, em 2018, ela entrou para Engenharia Florestal”, conta Neylon.

 

Com cerca de 20 membros, o projeto realizou dezenas de atividades com crianças no primeiro semestre de 2019. As atividades foram temporariamente suspensas no segundo semestre do ano, mas serão retomadas no início de 2020. As inscrições para integrar o projeto ocorrem semestralmente, sempre no início do período, e podem ser feitas por alunos de qualquer curso de graduação. 


Escolas ou instituições interessadas em receber ações do projeto de extensão podem entrar em contato pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelo Instagram @beijafal.

 

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