Primeira edição do Cineclube debate o documentário “Barra 68 - Sem Perder a Ternura” (2001)

Marcando o início das atividades do CineClube Beijódromo, o Decanato de Extensão da Universidade de Brasília (DEX/UnB) realizou um debate sobre o documentário "Barra 68 - Sem Perder a Ternura" (2001) do cineasta Vladimir Carvalho, que conta a história da criação da UnB e mostra as inúmeras agressões sofridas pela instituição durante o regime militar. A atividade pode ser assistida na íntegra no canal da Extensão no Youtube. O documentário também está disponível

 

 

Escrito e dirigido por Vladimir Carvalho, o mais importante cineasta da cena brasiliense, responsável por produções como "Brasília Segundo Feldman", "Conterrâneos Velhos de Guerra" e "Rock Brasília - Era de Ouro", "Barra 68" é narrado pelo ator Othon Bastos com depoimentos de personalidade como o arquiteto Oscar Niemeyer, o cineasta e professor Jean-Claude Bernardet, o cineasta Cacá Diegues, a escritora Ana Miranda e familiares de Honestino Guimarães, o mais importante líder estudantil da UnB que desapareceu em 1973, no período do regime militar no Brasil.⁠

 

O debate contou com a presença do próprio Vladimir Carvalho, a cineasta e curadora, Isa Ferraz, e o arquiteto e escritor, Tancredo Maia Filho. A mediação coube ao professor Alexandre Pilati, diretor técnico de extensão.⁠

 

⁠Em novembro de 2020, a UnB e a Fundação Darcy Ribeiro (FUNDAR) celebraram um acordo de cooperação científica com objetivo de desenvolver atividades envolvendo arte, cultura, preservação do acervo e acesso à biblioteca do Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo. A ideia é tornar o Memorial, gerido pelas duas instituições, um espaço de promoção de eventos, cursos e oficinas com caráter extensionista.

 

A execução do acordo será realizada através do Programa Estratégico de Extensão Darcy Ribeiro e a UnB: legado, pensamentos e fazimentos, que já está desenvolvendo diversas atividades.

 

Entre as ações planejadas, estão a promoção de seminários temáticos e ações culturais, como a reativação do Cineclube do Beijódromo e apresentações culturais, e a oferta da disciplina de graduação sobre o pensamento de Darcy. As atividades de pesquisa também serão incentivadas, e vão envolver a publicação de inéditos com apoio da Editora UnB. O DEX também pretende estimular a preservação do acervo, além de garantir o acesso da comunidade acadêmica com a criação de uma biblioteca setorial em parceria com a BCE. A visitação também deve ser garantida não só para a comunidade interna, mas também para estudantes da educação básica.

 

O Cineclube é uma homenagem ao Beijódromo, apelido do Memorial Darcy Ribeiro, pensado por Darcy como “um espaço ao ar livre, na grama, nos degraus – um espaço bem a gosto de Brasília, em que se podia fazer seresta, as pessoas poderiam estar em volta se beijando, namorando”.

 

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Imagem do Documentário "Barra 68". 

 

Debate – “Esse evento marca mais uma etapa dessa parceria entre UnB e Fundar”, afirmou Pilati. O professor contou que aparece nas filmagens, em uma cena no teatro de arena, na última fileira, ouvindo o discurso de Darcy Ribeiro.

 

“Foi um momento muito marcante pra mim, senti muito”, ele contou que só conseguiu compreender a importância daquele discurso ao assistir o documentário: “Foi fundamental para entender o momento da minha formação”.

 

Tancredo Maia Filho, que também é personagem do documentário, disse que o filme retrata o momento da violência, se referindo aos professores e estudantes que foram expulsos da Universidade. “É a filmagem do instante da violência que nos permite ver que o projeto de Darcy estava sendo massacrado”.

 

Desde sua chegada à capital, o cineasta Vladimir Carvalho pensou em Brasília como uma possibilidade cinematográfica para toda a vida. Ele conta que veio para a cidade em 1969, para participar do Festival de Brasília com o curta A bolandeira, sobre os engenhos de cana de tração animal do sertão paraibano. Foi conheceu Fernando Duarte, “um dos maiores diretores de fotografia do cinema brasileiro”. Ele contou que Duarte o convidou para criar um centro de documentação dos filmes feitos sobre Brasília dentro da UnB. Inicialmente, ficaria por dois meses, mas foi convidado para ser professor, e está há mais de 50 anos na cidade.

 

Vladimir Carvalho conta que a semente do documentário Barra 68 foi uma filmagem feita por um dos seus alunos da faculdade de cinema de estudantes da UnB sendo presos em uma quadra de basquete. “A UnB foi várias vezes maculada, agredida, e por isso tem essa potência enorme de resistir a adversidades”, disse.

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